Astronomia
Observatório dá pistas sobre sistema planetário 'misterioso'
O observatório Alma, no Chile, registrou um anel em torno da estrela brilhante Fomalhaut, desvendando mistérios sobre o sistema planetário - Foto: ESO/Divulgação
Um novo observatório ainda em construção no Chile, chamado de Alma, forneceu pistas importantes na compreensão de um sistema planetário que até então era um mistério para os pesquisadores. Os astrônomos descobriram que os planetas que orbitam a estrela Fomalhaut são muito menores do que o inicialmente suposto. Este é o primeiro resultado científico publicado a partir de observações científicas do Alma.
Segundo informou o Observatório Europoeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) nesta quinta-feira, a descoberta foi possível graças às imagens extremamente nítidas de um disco, ou anel, de poeira que orbita Fomalhaut, situada a cerca de 25 anos-luz da Terra, e ajuda a resolver uma controvérsia que se gerou entre os primeiros observadores deste sistema. As imagens do Alma mostram que tanto as bordas interiores como as exteriores do disco de poeira fino estão muito bem delineadas. Esse fato, combinado com simulações de computador, levou os cientistas a concluir que as partículas de poeira permanecem no interior do disco devido ao efeito gravitacional de dois planetas - um mais próximo da estrela do que o disco e outro mais distante.
Os seus cálculos também indicam o tamanho provável dos planetas - maiores que Marte mas não maiores que algumas vezes o tamanho da Terra. Estes valores são muito menores do que os astrônomos tinham inicialmente pensado. Em 2008, o Telescópio Espacial Hubble revelou o planeta interior, que na altura se pensou ser maior que Saturno, o segundo maior planeta do Sistema Solar. No entanto, observações posteriores com telescópios infravermelhos não conseguiram detectar o planeta.
Esta não detecção levou alguns astrônomos a duvidarem da presença do planeta na imagem Hubble. As observações do Alma, a comprimentos de onda maiores que o visível, traçam os grãos de poeira maiores - com cerca de 1 mm de diâmetro - que não são deslocados pela radiação estelar. Estes grãos revelam de modo claro as bordas nítidas do disco e a sua estrutura anelar, indicadores do efeito gravitacional dos dois planetas.
O tamanho pequeno dos planetas explica por que é que não foram detectados anteriormente pelas observações infravermelhas, disse Aaron Boley, cientista da Universidade da Flórida, que liderou o estudo. O estudo mostra que a largura do anel é mais ou menos 16 vezes a distância entre o Sol e a Terra, e a sua espessura é apenas um sétimo da largura. "O anel é ainda mais estreito e fino do que o que se pensava anteriormente", disse Matthew Payne, também da Universidade da Flórida. O anel encontra-se a uma distância da estrela de cerca de 140 vezes a distância Terra-Sol. No nosso Sistema Solar, Plutão encontra-se cerca de 40 vezes mais afastado do Sol do que a Terra. "Devido ao pequeno tamanho dos planetas próximos do anel e à sua grande distância à estrela hospedeira, estes estão entre os planetas mais frios já encontrados orbitando uma estrela de tipo normal", acrescentou Aaron Boley.
Construção do Alma
Os cientistas observaram o sistema Fomalhaut em setembro e outubro de 2011, quando apenas um quarto das 66 antenas do Alma estavam disponíveis. Quando a construção estiver completa no próximo ano, o sistema total será muito mais poderoso. No entanto, ainda na sua fase científica inicial, o observatório teve já capacidade suficiente para revelar uma estrutura que eludiu anteriores observadores em ondas milimétricas.
"O Alma pode estar ainda em construção, mas é já o telescópio mais poderoso do seu tipo. Este é apenas o início de uma nova e excitante era no estudo de discos e formação de planetas em torno de outras estrelas", disse Bill Dent, astrônomo do ESO e membro da equipe. O Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array (Alma), é uma parceria entre a Europa, a América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação com a o Chile.[Fonte: Terra]
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