"Já tínhamos visto anteriormente conchas em torno de estrelas deste tipo, mas esta é a primeira vez que vemos uma espiral de matéria saindo da estrela, juntamente com a concha circundante," diz Matthias Maercker, do ESO e da Universidade de Bonn, na Alemanha. Maercker é o principal autor de um artigo que descreve o achado e que será publicado na Nature.
Estrelas desse tipo ejetam uma grande quantidade de matéria (gás e pó) que vão servir para a formação de novas estrelas, sistemas planetários e, possivelmente, vida. O Alma é um telescópio novo e é considerado o mais poderoso para o registro de ondas milimétricas e submilimétricas do planeta. O ESO afirma que, nos primeiros registros da estrela, ele já conseguiu mostrar sua capacidade ao registrar um concha de matéria que fica ao redor da espiral de R Sculptoris.
"Quando observamos a estrela com o Alma, nem metade das antenas estava ainda operacional. É realmente excitante imaginar o que a rede Alma completa conseguirá observar quando estiver terminada em 2013", acrescenta Wouter Vlemmings (Universidade de Tecnologia Chalmers, Suécia), coautor do estudo.
As gigantes vermelhas são estrelas que estão no final de sua vida (nem todas acabam assim, existem as supernovas, por exemplo) e, periodicamente (entre 10 mil e 50 mil anos), elas sofrem pulsações térmicas devido a explosões de hélio na concha que envolve o núcleo estelar. Esse fenômeno resulta na ejeção de material que forma a grande concha de gás e poeira ao redor dela. Após a pulsação, que dura centenas de anos, ela continua a ejetar material, mas com menor intensidade.
As observações indicam que R Sculptoris teve uma pulsação há cerca de 1,8 mil anos e que durou cerca de 200 anos. Foi a ação gravitacional de uma estrela companheira, que orbita a gigante vermelha, que teria moldado a ejeção de material em uma forma de espiral.
"Num futuro próximo, observações de estrelas como R Sculptoris pelo Alma nos ajudarão a compreender como é que os elementos de que somos constituídos chegaram a locais como a Terra, e também nos fornecerão pistas de como é que o futuro longínquo da nossa própria estrela poderá ser," conclui Matthias Maercker. [Fonte: Terra]
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