O exoplaneta recém-descoberto, batizado de CoRoT-9b em homenagem ao telescópio orbital francês que o avistou pela primeira vez em 2008, leva 95 dias para orbitar sua estrela quente, a CoRoT-9, situada 1.500 anos-luz da Constelação de Serpens, a serpente.
A título de comparação, nosso Mercúrio leva 88 dias para orbitar o sol.
"Este é o primeiro planeta extrassolar que se assemelha aos planetas do nosso Sistema Solar; é o primeiro planeta extrassolar no qual podemos testar modelos que desenvolvemos a partir dos planetas do Sistema Solar", disse à AFP o cientista que chefiou as pesquisas, Hans Deeg, do Instituto de Astrofísica do arquipélago espanhol das Ilhas Canárias.
"Este é o primeiro (exoplaneta) cujas propriedades podemos estudar em profundidade", disse Claire Moutou, que integra a equipe de 60 astrônomos que fez a descoberta sobre o novo exoplaneta, ou seja, um planeta situado fora do nosso Sistema Solar.
Mais de 400 exoplanetas foram detectados desde que o primeiro foi descoberto, em 1995.
Para desapontamento dos que sonham com a possibilidade de se descobrir um novo lar para a espécie humana, nenhum deles demonstrou ser pequeno, rochoso e hidrófilo como o nosso.
A maioria se parecia mais com um "Júpiter quente", ou seja, uma grande bola gasosa tão próxima de seu sol que a temperatura da superfície seria de mil graus Celsius ou mais.
O CoRoT-9b, no entanto, é um gigante gasoso com uma massa correspondente a 80 aquela de Júpiter e - em comparação com outros exoplanetas - é relativamente temperado, com uma temperatura superficial entre 160 e -20 graus Celsius.
A grande margem desta estimativa provém, sobretudo, das incertezas sobre a reflexibilidade das nuveus na alta atmosfera do planeta.
Porém, mais informações sobre o CoRoT-9b devem começar a fluir, pois ele é um dos 70 exoplanetas que têm sido acompanhados de perto porque transitam diretamente entre a estrela e o telescópio.
Este alinhamento significa que a luz da estrela passa diretamente pela atmosfera do planeta, gerando dados chave sobre o seu tamanho e composição química.
No caso do CoRoT-9b, o trânsito leva cerca de oito horas, dando uma oportunidade única para os astrônomos.
Nos primórdios da busca por exoplanetas, os planetas que apareciam ou eram muito quentes, ou circundavam suas estrelas em órbitas muito excêntricas.
Mas à medida que foram ganhando experiência e melhores ferramentas, os astrônomos se mostraram cada vez mais capazes de localizar planetas com características que parecem similares àquelas do nosso próprio quintal, acrescentou Deeg.
Uma das descobertas é que existe uma "variação bastante considerável" nos tipos de planetas que orbitam perto de suas estrelas, afirmou.
"Por exemplo, Vênus provavelmente foi capaz de abrigar vida em seus primeiros estágios antes de um efeito estufa se estabelecer e a temperatura subir em algumas centenas de graus", declarou.[Fonte: Terra Brasil]