Astronomia
Radiação em viagem a Marte equivale a um TAC por semana
Principais responsáveis pela radiação são os raios cósmicos galácticos
Cientistas utilizaram o instrumento que mediu a radiação de que foi alvo a nave que transportou o Curiosity
Um estudo publicado na«Science» quantifica pela primeira vez a dose de radiação a que estarão expostos os astronautas que, no futuro, viajarão até Marte, viagem essa que a agência espacial norte-americana NASA quer levar a cabo entre 2030 e 2035.
Para realizar o estudo, a equipa liderada por Cary Zeitling (Instituto Southwest de Boulder, EUA) utilizou o instrumento que mediu a radiação de que foi alvo a nave espacial em que viajou o veículo robotizado Curiosity. Este detector, o RAD (Radiation Assessment Detector), do Laboratório Científico de Marte, continua a realizar medições.
Os resultados obtidos revelam que a dose de radiação seria equivalente à que receberia alguém se a cada cinco ou seis dias fizesse um TAC (tomografia axial computorizada) em todo o corpo.
Em declarações ao jornal espanhol «El Mundo», Zeitlin afirma que ?a radiação no espaço, em termos gerais, não é tão intensa que possa provocar uma doença imediata ou a morte. Se o fosse, ninguém consideraria missões como esta?, refere.
Deste modo, as pessoas podem sobreviver durante três anos no espaço, ainda que existam dúvidas sobre qual o seu estado de saúde no fim da viagem. A NASA estabelece limites para a carreira de um astronauta baseando-se no incremento de três por cento das probabilidades desenvolver cancro.
As medições durante a viagem do Curiosity revelaram uma exposição diária a radiação de 1,8 milisieverts, sendo que a dose de radiação a que se submete alguém quando faz um TAC oscila entre os 4 e os 19 milisieverts.
Durante a viagem a Marte, a nave estará exposta à radiação de dois ingredientes principais: os raios cósmicos galácticos e as partículas solares energéticas. Estas últimas produzem-se de forma esporádica, durante as erupções e ejecções de massa coronal, acontecendo com maior intensidade a cada 11 anos do ciclo solar, pico que está a ser atingido este ano.
Mas esta radiação constitui apenas 5,4 por cento do total recebido pelo Curiosity. O resto procede dos raios cósmicos que são contínuos, omnipresentes e mais penetrantes.[Fonte: Ciência Hoje]
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