Astronomia
O que são Asterismos?
Quem goste de estudar, mesmo que de forma breve, assuntos relacionados com Astronomia, é frequentemente confrontado com este conceito, totalmente obscuro para a maioria e aparentemente difícil de se apreender. Na verdade é bastante simples e a sensação de estranheza desvanece-se quando compreendemos o equívoco generalizado gerado pelo uso corrente do conceito de constelação - este costuma ser interpretado no sentido lato, tal como foi empregue ao longo da História até 1930, altura em que, da necessidade de se regulamentar conceitos na Astronomia, passou a estar igualmente associado a uma definição estrita.
Na explicação que se segue, pretende-se tornar clara a distinção entre os conceitos de asterismo e de constelação, pelo que ambos são usados no sentido estrito.
Asterismo é um conjunto de estrelas que, unidas de forma imaginária, nos faz lembrar uma figura desenhada no céu. É desta forma que imaginamos, por exemplo, um animal ( um escorpião, um urso, um caranguejo ou touro ), um objecto ( uma cruz, uma balança, um octante, uma coroa ), uma figura geométrica ( um triângulo, um quadrado ), um animal mítico ( um dragão, uma fénix ), uma figura humana associada a uma personagem mitológica ( Hércules, Cassiopeia, Andrómeda ), entre outras.
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Na imagem acima observamos vários asterismos, entre os quais, ao centro, o asterismo que nos lembra a figura de um escorpião |
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Aqui observamos várias figuras que associamos a grupos de estrelas e que ilustram o que imaginamos ao unirmos as estrelas que compõem cada um desses conjuntos - ao centro, a figura do escorpião |
E é neste ponto que o leigo, quando aponta um desenho imaginado num conjunto de estrelas diz que está a indicar ou a ver uma constelação, fazendo uso do sentido lato do conceito. No sentido estrito, está a apontar, não uma constelação, mas um asterismo.
Na verdade, uma constelação é uma área do céu contida em fronteiras precisas, definidas e delineadas pela União Astronómica Internacional, que não faz lembrar qualquer figura, antes se assemelha a uma peça de um puzzle, com formas mais ou menos rectilíneas. Contido nessa área do céu a que se chama constelação, encontra-se o asterismo a que o leigo se refere como sendo uma " constelação ".
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Nesta imagem está destacada a constelação do Escorpião |
Não que o erro seja grave, ou que se pretenda com isto apelar a uma mudança de atitude, pois os próprios astrónomos fazem uso dele, de forma a expressarem-se num discurso mais claro e acessível a todos, mas esta abordagem torna confusa a compreensão dos conceitos em causa ( constelação versus asterismo ). Em situações particulares, compreensíveis para quem tem mais conhecimentos de Astronomia, torna-se imperativo o recurso ao sentido estrito do conceito de constelação, mas de uma forma geral o sentido lato justifica-se, e é até preferível, de forma a não gerar equívocos.
Enquanto as 88 constelações são reconhecidas oficialmente, nenhum asterismo é oficial - até a própria figura principal que se associa a cada constelação pode ser imaginada, sem constrangimentos, de forma arbitrária por cada observador, segundo a sua interpretação pessoal e fazendo uso de mais ou menos estrelas na sua composição.
Há apenas asterismos que são mais populares, alguns menos célebres, outros totalmente ignorados pela maioria. De entre os mais conhecidos encontram-se os que foram escolhidos para denominar cada uma das 88 constelações oficiais.
Esta situação em particular é responsável pela confusão que se possa gerar pois, apesar de, por exemplo, a constelação do Escorpião assim ser denominada devido ao facto de o asterismo principal que contém ( o conjunto de estrelas que nos faz lembrar este animal ) ser associado à figura imaginária de um escorpião, quando mencionamos a constelação
ou o asterismo, devemos ter em mente que - no sentido estrito - nos referimos a conceitos diferentes.
Apesar de os asterismos mais populares serem associados a figuras que vemos contidas dentro de uma constelação, o conceito é muito mais amplo que isso. Existem asterismos de naturezas diversas:
Alguns, observáveis a olho nu, usam estrelas de várias constelações diferentes, formando figuras que abarcam áreas muito grandes ( veja-se o " Triângulo de Verão " ), enquanto outros são populares somente entre os astrónomos amadores que usam binóculos, porque se tornam visíveis apenas através deste instrumento ( indica-se como exemplo, nas imagens mais abaixo, o asterismo do " Cabide " ); existem ainda asterismos que são célebres apenas entre astrónomos amadores que usam telescópios, alguns exigindo instrumentos de abertura considerável ( semi-profissionais ), por serem acessíveis somente mediante enormes ampliações.
O conceito é linear e abrangente: asterismo é um conjunto de estrelas que nos faz lembrar uma figura desenhada no céu, independentemente de qualquer outro factor.
Por tudo isto e porque nenhum asterismo é reconhecido como oficial, qualquer pessoa é livre de fazer as associações que quiser com qualquer conjunto de estrelas. O tempo dirá se, feita a sua divulgação através de algum meio, se tornarão célebres, ou cairão no esquecimento.
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O Triângulo de Verão é um asterismo célebre, que usa 3 estrelas de constelações distintas |
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Este asterismo desenha a figura da Ursa na constelação da Ursa Maior |
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A Caçarola é um asterismo composto por estrelas da constelação da Ursa Maior |
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O Cabide é um asterismo apenas possível de se observar com binóculos, composto por estrelas da constelação de Vulpecula ( Raposa ou Raposinho ) - a imagem é um esboço de Rony De Laet e o original pode ser encontrado aqui |
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A Pequena Rainha ou Rainha Menor ( devido às semelhanças com o " W " de Cassiopeia ) é um asterismo observável com binóculos, mas mais popular entre quem usa telescópios, composto por estrelas da constelação do Dragão |
Para que não restem dúvidas, os dois conceitos podem ser sintetizados desta forma:
Asterismo: conjunto de estrelas, unidas de forma imaginária, que nos faz lembrar uma qualquer figura desenhada no céu.
Um asterismo contém apenas e só as estrelas que o definem.
Constelação: uma de entre 88 áreas, com fronteiras precisas e contíguas, em que a totalidade da esfera celeste ( 360 º ) foi dividida, de forma definitiva, pela União Astronómica Internacional em 1930.
Uma constelação contém todos os objectos celestes ( visíveis ou invisíveis ), e espaços vazios de matéria, que se encontrem dentro das fronteiras que a delimitam. Dela fazem parte, por exemplo, todas as estrelas, planetas, enxames estelares, nebulosas, espaços vazios, galáxias, buracos negros e asterismos que se localizem na área que lhe corresponde. Não pertencem a nenhuma constelação os objectos celestes contidos no nosso sistema solar ( Sol incluído ), bem como a Via Láctea considerada no seu todo.
A União Astronómica Internacional nomeou, na mesma resolução de 1930, cada uma das 88 constelações oficiais segundo o asterismo principal ( o mais difundido entre a comunidade de astrónomos ao longo da História ) contido em cada uma dessas áreas.
Na imagem seguinte podemos ver o aspecto das 88 constelações do céu:
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Clicar na imagem para ampliar |
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