Meteoritos de Marte têm moléculas orgânicas, mas não biológicas
Astronomia

Meteoritos de Marte têm moléculas orgânicas, mas não biológicas



O meteorito marciano ALH84001, com cerca de 9 centímetros, é um dos 10 que possuem moléculas orgânicas, mas não biológicas.[Imagem: NASA/JSC/Stanford University]
"Moléculas orgânicas descobertas em meteorito marciano".
Se isto lhe parece familiar, eventualmente até com um cheiro de naftalina, não precisa se preocupar.
Juntamente com as "descobertas de água em Marte" e as impressionantes "descobertas de água na Lua", em volumes que chegaram a ser comparados aos oceanos da Terra, o assunto é polêmico e, por isso mesmo, repetitivo.
Moléculas com grandes cadeias de carbono e hidrogênio - os chamados blocos básicos de construção de toda a vida na Terra -, têm sido alvos das missões a Marte desde as sondas Viking, nos anos 1970.
Pelo menos 10 anos antes disso, essas moléculas já haviam sido encontradas em meteoritos de Marte caídos aqui na Terra.
Mas, desde essas primeiras descobertas, os cientistas têm discordado sobre como essas moléculas orgânicas teriam se formado, e se elas teriam ou não vindo realmente de Marte.
Moléculas orgânicas em Marte
Um novo estudo, publicado hoje na revista Science, fornece fortes argumentos de que este carbono teria se originado realmente em Marte, não sendo fruto de contaminação terráquea.
Mas a ressalva deve ser feita com ênfase, dizem os cientistas: as moléculas de carbono marciano não têm origem biológica.
Ou seja, as moléculas de carbono não são "prova da existência de vida em Marte", elas se originaram de processos vulcânicos.
Se elas se juntaram para formar vida marciana no futuro do planeta - depois que as rochas agora estudadas foram arrancadas de lá - é assunto que permanece em aberto.
Os que os cientistas argumentam é, essas moléculas orgânicas - ou seja, moléculas à base de carbono - não são moléculas biológicas. Embora os compostos orgânicos de carbono sejam essenciais para a vida, eles podem ser criados também por processos não-biológicos.
Marte tem moléculas de carbono orgânico, mas não biológico
Para fugir dos argumentos da contaminação, os cientistas procuraram pelas moléculas de carbono no interior dos cristais dos meteoritos, sem quebrar esses cristais, usando uma técnica chamada espectroscopia Raman. [Imagem: Steele et al./Science]
De resto, não há consenso entre os cientistas sobre a origem dessas macromoléculas de carbono detectadas nos meteoritos marcianos - simplesmente não há dados suficientes para qualquer conclusão definitiva.
Fora aqueles que argumentam que sua origem é a contaminação em outros meteoritos ou aqui na Terra mesmo, os argumentos dividem-se entre reações químicas em Marte, ou restos de vida biológica nos primórdios do planeta.
Origem vulcânica
Andrew Steele e seus colegas examinaram amostras de 11 meteoritos marcianos, cujas idades abrangem cerca de 4,2 bilhões de anos de história marciana.
Para fugir dos argumentos da contaminação, eles procuraram pelas moléculas no interior dos cristais dos meteoritos, sem quebrar esses cristais, usando uma técnica chamada espectroscopia Raman, que usa o espalhamento da luz de um laser no material para determinar sua estrutura atômica e sua composição química.
A equipe detectou compostos de carbono grandes em 10 dos meteoritos estudados, no interior dos grânulos cristalizados dos minerais, demonstrando que pelo menos algumas dessas moléculas são de fato marcianas.
Seus resultados indicam que o carbono foi formado durante o vulcanismo em Marte, mostrando que a química orgânica está presente na maior parte da vida de Marte - de resto, uma boa notícia para a busca de sinais de vida em Marte.
"Entender a gênese dessas macromoléculas não-biológicas de carbono é crucial para o desenvolvimento de futuras missões para detectar sinais de vida em nosso planeta vizinho," disse Steele. [ Fonte: Inovação Tecnológica]
Bibliografia:

A Reduced Organic Carbon Component in Martian Basalts
A. Steele, F. M. McCubbin, M. Fries, L. Kater, N. Z. Boctor, M. L. Fogel, P. G. Conrad, M. Glamoclija, M. Spencer, A. L. Morrow, M. R. Hammond, R. N. Zare, E. P. Vicenzi, S. Siljeström, R. Bowden, C. D. K. Herd, B. O. Mysen, S. B. Shirey, H. E. F. Amundsen, A. H. Treiman, E. S. Bullock, A. J. T. Jull
Science
Vol.: Published Online
DOI: 10.1126/science.1220715



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