Fumaça de ônibus espacial ajuda a desvendar mistério de Tunguska
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Fumaça de ônibus espacial ajuda a desvendar mistério de Tunguska


Na manhã de 30 de junho de 1908, uma gigantesca explosão provocada por um objeto espacial foi ouvida pelas poucas pessoas que habitavam a região do Rio Tunguska, no centro-norte da Sibéria. Dois mil quilômetros de florestas foram completamente destruídas segundo relatos, o brilho foi tão intenso que durante os dois dias seguintes foi possível ler livros na cidade de Londres, há 10 mil quilômetros de distância.


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Até hoje, não existe um consenso entre os cientistas sobre o que teria provocado o evento de Tunguska, com as teorias divididas entre a colisão de um meteoro ou choque de um cometa contra a alta atmosfera. Agora, um novo estudo publicado pelo periódico Geophysical Research Letters fez aumentar ainda mais as evidências de que o evento de 1908 pode realmente ter sido causado pelo choque de um cometa.

A conclusão é do professor de engenharia Michael Kelley, ligado à Universidade de Cornell, que estudou as plumas deixadas pela combustão dos foguetes dos ônibus espaciais e os eventos que ocorreram dois dias depois, como a formação de um tipo especial de nuvens chamadas noctilucentes, criadas de partículas de gelo que se formam somente em altas altitudes sob temperaturas extremamente frias e que são bastante brilhantes e visíveis somente à noite.

Segundo o autor do paper (trabalho científico), após o choque uma gigantesca quantidade de vapor de água produzida pela sublimação do núcleo cometário foi jorrada no interior da atmosfera na forma de um grande redemoinho. No entender de Kelley, a tremenda energia envolvida no processo produziu o que é chamado de turbulência bidimensional, o que explica as nuvens noctilucentes formada milhares de quilômetros um dia após a explosão.



As noctilucentes são as nuvens mais altas existentes na Terra e se formam naturalmente a 95 km de altitude na mesosfera das regiões polares durante os meses de verão, quando a temperatura está ao redor de 117 graus Celsius.

De acordo com Kelley, as plumas de exaustão dos ônibus espaciais remontam a ação do cometa, quando um único lançamento injeta 300 toneladas métricas de vapor d´agua na termosfera terrestre. Essas partículas atravessam as regiões do Ártico e Antártida onde formam as nuvens após se introduzirem na mesosfera.

Kelley e seus colaboradores disseram que nuvens noctilucentes foram observadas dias após a missão STS-118 do ônibus espacial Endeavour em agosto de 2007, seguida de outras observações em 2003. Antes disso o evento já tinha sido presenciado após lançamentos realizados em 1997.

O pesquisador disse ficou intrigado pelos relatos históricos e concluiu que o brilho no céu pode ter sido o resultado da formação das nuvens noctilucentes. O cometa começou a se romper na mesma altitude em que os ônibus espaciais liberam as plumas de exaustão após o lançamento e em ambos os casos o vapor de água é injetado em grande quantidade na atmosfera.


Novos modelos
Os climatologistas têm tentado responder como o vapor d'água pode viajar por milhares de quilômetros sem dispersão ou difusão, mas para Kelley o transporte desse material é algo totalmente novo e inesperado. "Algumas estimativas mostram que essas partículas se deslocam por dezenas de milhares de quilômetros em um tempo muito curto, e até agora nenhum modelo conseguiu mostrar exatamente como isso acontece.

Há muito tempo os cientistas tentam compreender melhor a dinâmica dos ventos nessa região da atmosfera, mas a grande altitude torna a tarefa difícil de ser realizada por meios tradicionais como balões sonda, foguetes ou satélites.


Fotos: no topo, nuvem noctilucente formada a 90 km de altitude das regiões polares. Esse tipo de nuvem foi registrado pela primeira vez em 1855 por um astrônomo amador. Recentemente essas nuvens têm sido vistas também em regiões de latitudes mais baixas. Acima, um dos raros registros fotográficos da região de Tunguska, feito em 1927 pelo mineralogista soviético Leonid Kulik, especialista em meteoritos e líder das primeiras expedições ao local. Créditos: Nasa/Hampton University/WikiMedia Commons.


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