Astronomia
Como os cientistas nomeiam as estrelas?
A menor das estimativas atuais para o número de estrelas em nossa galáxia, a Via-Láctea, é de 100 bilhões. Elas são tantas e tão distantes que ainda não conseguimos estudar todas e ainda estamos bastante longe de fazê-lo. O recente lançamento do satélite espacial Gaia, em dezembro do ano passado (2013), desenvolvido pela Agência Espacial Européia, ainda que um sucesso, vai mapear e estudar cerca de 1% dessas estrelas.
E como nós nomeamos esse mar de estrelas e planetas as orbitando?
"Mesmo os nossos índios também nomearam as constelações de acordo com sua cultura. Entretanto, os nomes tradicionais que usamos hoje em dia, como Betelgeuse, Achernar, Sirius, Deneb, e Algol, são de origem árabe, datando, aproximadamente, do século X, quando a astronomia árabe florescia." É o que diz Marcelo Borges Fernandes, astrônomo do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
O telescópio, talvez a maior invenção e o símbolo da astronomia, foi desenvolvido somente no seculo XVI, logo as primeiras estrelas identificadas pelos povos antigos, principalmente os babilônios e os egípcios, foram as mais brilhantes visíveis a olho nu. Da mesma forma os planetas.
Por isso os nomes de estrelas brilhantes e famosas, assim como os planetas do Sistema Solar, são nomes simples, presentes somente no catálogo de classificação árabe, enquanto as novas estrelas e exoplanetas descobertos são geralmente combinações de letras e números, dependendo do catálogo em que estão classificadas.
O órgão que define o nome de uma estrela é a União Astronômica Internacional (IAU, sigla em inglês). As nomenclaturas definidas por ela são reconhecidas por todos os astrônomos e cientistas, assim como agências espaciais ou qualquer autoridade.
São poucas as estrelas (brilhantes) que têm nomes antigos, populares, de origem árabe. As demais, de brilho fraco, tem o nome costumeiro formado por uma combinação de números e letras. Essa combinação é uma mistura de seu número de catálogo com suas coordenadas na esfera celeste.
"Um outro sistema antigo de nomear as estrelas, e ainda popular, foi introduzido por Johann Bayer, em 1603. Ele nomeou as estrelas em função da constelação a que elas pertenciam e utilizou letras gregas para identificar o seu brilho aparente. Por exemplo, a estrela mais brilhante vista da Terra da constelação de Cisne é a Alpha de Cisne, já a segunda mais brilhante é a Beta de Cisne e por aí vai." Diz o astrônomo Marcelo.
Há muitos catálogos de designação das estrelas, todos com base em coordenadas mais seu nível de brilho e outras características, inclusive, talvez, o nome do telescópio que descobriu a estrela, como o telescópio Kepler. Os catálogos modernos são produzidos por computadores, com dados diretamente fornecidos de telescópios espaciais ou terrenos. Essa diversidade de catálogos faz com que haja muitos nomes para a mesma estrela. Por exemplo: Betelgeuse = Alpha Orionis = HR 2061 = BD +7 1055 = HD 39801 = SAO 113271 = IRAS 05524+0723 = 2MASS J05551028+0724255.
Quando há um sistema binário ou mesmo ternário de estrelas, se classifica usando letras, de acordo com o tamanho e a massa das estrelas. O sistema Alpha Centauri (nomeado no sistema de Bayer) é composto por Alpha Centauri A (a maior das três), Alpha Centauri B e Alpha Centauri C (a menor), por exemplo.
Se há planetas orbitando a estrela, se usa um método semelhante. Um exemplo muito recente é a estrela Kepler-186, que tem 5 planetas a orbitando, o quinto (em distância da estrela) é conhecido como Kepler-186f, sendo
f a sexta letra do alfabeto, pois a letra
a, é considerada como a própria estrela, então o planeta mais próximo é Kepler-186b.
[Referência: Globo Ciência]
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