Cientista cuida de fragmentos de 23 mil meteoritos em museu nos EUA
Astronomia

Cientista cuida de fragmentos de 23 mil meteoritos em museu nos EUA


Timothy McCoy estuda os fragmentos para ajudar a esclarecer origens do Sistema Solar.

Timothy McCoy gerencia um acervo de 35 mil amostras de meteoritos (Foto: BBC)
Timothy McCoy gerencia um acervo de 35 mil amostras
de meteoritos (Foto: BBC)

Um cientista que trabalha em um museu da capital americana, Washington, tem uma atividade incomum: ele cuida de um acervo com 35 mil amostras retiradas de 23 mil meteoritos diferentes e estuda as rochas para ajudar a esclarecer as origens do Sistema Solar.
A coleção do Museu Nacional de História Natural, ligado ao Instituto Smithsonian, inclui meteoritos que caíram em lugares como Argentina, Chile, Espanha, França, Estados Unidos e Canadá, além de rochas da Lua e de Marte.
O curador da coleção, Timothy McCoy, deixa claro que gosta de estar cercado pelas rochas. Ele explica que, desde jovem, sempre foi apaixonado por "sentir o espaço em suas mãos". "Este é um pedaço de Marte", mostra McCoy pegando uma pequena rocha preta.
Depois mostra outra rocha à reportagem. "Não é uma construção teórica, nem um raio de luz que vem de uma estrela. É algo que se pode tocar: um fragmento da Lua", afirma.
Pesquisa
Como muitos dos meteoritos preservam as propriedades físicas e químicas de bilhões de anos atrás, estas amostras ajudam a entender os eventos das primeiras eras do Sistema Solar. "Nunca pegamos amostras do lugar mais profundo da Terra e nem chegamos ao seu núcleo", diz McCoy.
"Assim, se alguém quiser saber como começamos para entender onde estamos agora, isto é o que essa pessoa precisa. Estas são peças fundamentais de nosso Sistema Solar", afirmou.
O problema é que os cientistas não têm todas as peças desse quebra-cabeças espacial. E por isso o trabalho de McCoy é relevante. "Temos amostras tão imperfeitas do nosso Sistema Solar que, frequentemente, vemos uma peça do quebra-cabeça aqui, outra ali, e alguém tem que ser suficientemente capaz de descobrir se estão relacionadas ou não", explica.
"E também temos que apreciar o que não vemos. Boa parte do trabalho é procurar as coisas que alguém sabe que deveriam estar ali, mas simplesmente ainda não encontramos."

O Museu de História Natural em Washington tem um grande acervo de meteoritos (Foto: BBC)
O Museu de História Natural em Washington tem um
grande acervo de meteoritos (Foto: BBC)

Rochas e polêmicas
Na mesa do laboratório de McCoy, entre dezenas de amostras, há dois meteoritos que ele descreve como especiais. O primeiro, diferentemente de quase todos, não pode ser tocado, está guardado em um recipiente selado.
O fragmento é de um meteorito chamado ALH84001. Ele foi encontrado na Antártica em 1984, tem 4,2 bilhões de anos e vem de Marte. A amostra é importante pois tem minerais que, para serem formados, precisam de água, o que indica que deve ter existido água no planeta.
Além disso, em 1996 um grupo de cientistas sugeriu que a rocha poderia conter também sinais de vida microscópica, algo que ainda gera polêmica entre especialistas. A segunda rocha é menos polêmica e, diferente do ALH84001, pode ser tocada. É um pedaço do meteorito Allende, que caiu no México em 1969 e tem 4,5 bilhões de anos.
Segundo o Instituto Smithsonian, o Allende é "pré-planetário" e sua importância é tanta que mudou o estudo dos meteoritos. McCoy afirma que, se alguém dissolver partes desta rocha, poderá encontrar grãos minúsculos que não se formaram em nosso Sistema Solar, mas durante a morte violenta de outras estrelas.
O curador do Smithsonian sabe o valor deste meteorito e se emociona ao manuseá-lo. "Se alguem quer ser um verdadeiro explorador espacial, isto é o que tem que analisar", afirmou.

Fonte:  http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/04/cientista-cuida-de-fragmentos-de-23-mil-meteoritos-em-museu-nos-eua.html



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