Astronomia
Boötes ( Boieiro )
Dados da constelação:
Abreviatura oficial: Boo
Genitivo usado para formar o nome das estrelas: Boötis
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes: 90°N ? 35°S
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes: 35°S ? 82°S Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite: 2 MaiBoötes é uma constelação facilmente localizável no céu, por conter estrelas muito brilhantes e apresentar um formato bastante simples de se reconhecer. Para além disso, encontra-se muito próxima da Ursa Maior, bastando seguir a direcção apontada pelas estrelas que desenham a sua cauda para descobrir Arcturus ( ou Arcturo ), estrela principal do Boieiro e uma das estrelas mais brilhantes do céu.
O seu formato representa um pastor que conduz as Ursas ( Maior e Menor ) em redor do Pólo Norte Celeste. Numa mão segura uma vara e na outra as coleiras dos seus dois Cães de Caça ( constelação de Canes Venatici ),
Asterion e
Chara.
A denominação da figura provém directamente do grego, sendo que a palavra " Boötes " parece estar relacionada com o termo " clamoroso ", aludindo aos gritos típicos de um pastor enquanto conduz o seu rebanho. De facto, " Boötes " referia-se a um " pastor ", cuja representação celeste apresenta, segundo algumas versões, a conduzir uma carroça puxada por bois, visto que a constelação da Ursa Maior era por vezes identificada como uma carroça puxada por estes animais - as lendas alusivas a esta representação celeste em particular explicavam que era responsabilidade do Boieiro conduzir a carroça que puxava e fazia rodar o céu em torno do Pólo Norte Celeste.
Os Gregos conheciam igualmente a constelação como " Arctophylax ", o " Guardião das Ursas ".
Na mitologia deste povo, várias foram as histórias associadas a Boötes:
Numa delas representaria Arcas, fruto de uma violação da mortal Calisto por Zeus. Uma versão desta história relata que Zeus teria sido convidado pelo pai de Calisto, o mítico rei da Arcádia, Licaonte, para um banquete, onde lhe teria sido servido o corpo do próprio Arcas, morto, esquartejado e cozinhado a mando de Licaonte. Tendo reconhecido a carne do seu filho, Zeus transformou o rei num lobo e, após refazer o corpo de Arcas, colocou a sua imagem no céu, onde foi criado pela Plêiade Maia.
Uma lenda diferente, com os mesmos protagonistas, conta que durante uma caçada Arcas teria encontrado a sua mãe, transformada num urso. Este teria sido o castigo infligido pela esposa de Zeus, Hera, a Calisto, pela sua relação ( embora forçada ) com o marido, apesar de já ter sido punida com a expulsão do grupo de caçadoras imaculadas lideradas por Ártemis, devido à quebra do seu voto de castidade. Não podendo reconhecer a sua mãe, Arcas tentou matá-la ( ou, segundo outros autores, perseguiu Calisto até ao interior do templo de Zeus na Arcádia - um acto que profanava o espaço de culto e um crime punível com a morte ), facto evitado por Zeus que, assistindo a tudo a partir dos céus, levantou um furacão que os transportou a ambos para o céu. Uma variante deste mito refere que Calisto estaria representada pela constelação da Ursa Maior enquanto Arcas se veria representado pela Ursa Menor, ambos guardados pelo Boieiro cuja missão, a mando de Hera, seria não deixá-los nunca beber das águas do hemisfério Norte - por esta razão, estas constelações nunca desceriam até ao horizonte.
Mas a versão mais popular conta que Arcas estaria representado pela constelação de Boötes, sendo Calisto a Ursa Maior, tendo a Ursa Menor uma lenda própria, associada a uma personagem independente dos dois.
Outra lenda distinta identifica na constelação a personagem mítica Icarius ( não confundir com Ícaro ), o primeiro homem a descobrir o segredo da produção de vinho, seguindo as indicações do deus Dionísio. Tendo dado a provar a sua descoberta aos camponeses estes, ao sentirem-se ébrios, pensaram que Icarius os tinha tentado envenenar e, procurando vingança, matam-no. O fiel cão de Icarius, Maera, apressa-se a chamar a atenção de Erígone para o homicídio do seu pai, facto que acaba por lhe provocar tanto sofrimento que a jovem se suicida, enforcando-se numa árvore. Como forma de homenagear este dramático episódio, Zeus teria colocado no céu a imagem de Icarius ( na constelação de Boötes ), Erígone ( na constelação de Virgem ) e Maera ( na constelação do Cão Maior ou do Cão Menor, segundo versões distintas ).
Outro mito, originado pelo facto de as estrelas mais brilhantes da Ursa Maior apresentarem um formato semelhante a um arado, identifica Boötes como sendo o inventor desta ferramenta agrícola, inovação que lhe teria merecido uma homenagem celeste por parte dos deuses.
Como já foi referido, a personagem do Boieiro é representada no céu a segurar as coleiras dos seus Cães de Caça, uma constelação independente. No entanto, estes não faziam parte da figura clássica dos Gregos, tendo os cães sido adicionados no séc XVII por Hevelius, astrónomo polaco que criou esta nova constelação representando dois cães e suas coleiras.
Objectos celestes mais notáveis:
- NGC 5466 - um enxame estelar globular de Mag. 9.1 , muito pouco popular entre os astrónomos amadores por ser bastante decepcionante de se observar, mesmo com telescópios de abertura média. Uma das razões para isto é o facto de se encontrar muito mais distante de nós, a cerca de 52 mil anos-luz, do que a maioria dos outros enxames globulares ao alcance de instrumentos amadores.
Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:
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Mapa com fundo branco
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Existem em Boötes alguns asterismos famosos:
- ? (Alfa) + ? (Épsilon) + ? (Delta) + ? (Beta) formam um desenho conhecido como
Cone de Gelado.
- ? (Alfa) + ? (Épsilon) + ? (Delta) + ? (Beta) + ? (Gama) + ? (Ró) formam um desenho conhecido como
Papagaio ( de papel ).
A estrela mais brilhante de Boötes faz parte de outros asterismos famosos:
- ? (Alfa) Boötis + ? (Alfa) Virginis + ? (Beta) Leonis formam um desenho conhecido, no hemisfério Norte, como
Triângulo de Primavera ( "
Spring Triangle " ).
- ? (Alfa) Boötis+ ? (Alfa) Virginis + ? (Beta) Leonis + ? (Alfa) Canum Venaticorum formam um desenho conhecido como
Diamante de Virgem ou, no hemisfério Norte,
Diamante de Primavera.
Estrelas mais notáveis:
- ? (Alfa), tem o nome próprio
Arcturo, palavra que deriva da designação grega para " urso ", " Arktos " - que é igualmente origem da palavra " Ártico " - e que pode ser traduzida por " guardião dos ursos ". É a 4ª estrela mais brilhante de todo o céu e encontra-se relativamente próxima de nós, a apenas 37 anos-luz. É uma gigante alaranjada - o nosso Sol evoluirá para uma estrela muito semelhante daqui a cerca de 5000 milhões de anos - de Magnitude 0.0 .
- ? (Beta), tem o nome próprio
Nekkar, de uma expressão árabe que refere " o condutor dos bois ", ou " boieiro ". É uma gigante alaranjada de Mag. 3.5 .
- ? (Gama), tem o nome próprio
Seginus. Esta palavra resulta de um dos frequentes erros de tradução embora, curiosamente, neste caso tenham sido os Árabes a corromper o termo original, do grego..." Boötes ", para além de que a consequente designação árabe foi posteriormente mal traduzida e corrompida para o latim, resultando na transliteração, vazia de significado, " Seginus " - em nada semelhante ao original. É uma gigante branca de Mag. 3.0 .
- ? (Delta), é uma gigante alaranjada de Mag. 3.5 .
- ? (Épsilon), tem o nome próprio
Izar, de uma expressão árabe que refere " a tanga " ou " o cinturão ", pois assinala a cintura do pastor e as suas vestes. É uma bela dupla física ( a proximidade das suas componentes é real (física) ) de Mag. ( global ) 2.4 , cujas constituintes podem ser observadas separadas uma da outra através de telescópios modestos.
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Izar ( Épsilon Boötis ) |
- ? (Zeta), é uma bela dupla física, difícil de se observar separada nas suas componentes individuais com telescópios modestos, de Mag. ( global ) 3.8 .
- ? (Eta), tem o nome próprio
Muphrid, uma palavra cujo significado se apresenta algo obscuro, mas que alguns acreditam derivar de uma expressão árabe que mencionaria " aquele que transporta a lança ", ou " lanceiro ". Outros referem que a expressão pretenderia significar " aquele que está ( ou caminha ) sozinho ". É uma gigante alaranjada de Mag. 2.7 .
- ? (Teta), é por vezes referida como
Asellus Primus. Esta designação latina atribuída por Bayer significa " o primeiro dos burros ", não se conhecendo muito bem a sua origem. Presume-se que derive de um asterismo que teria tido alguma importância noutras épocas, embora pouco conhecido hoje em dia, e que representaria, no conjunto formado por 3 estrelas muito próximas - Teta + Iota + Capa - um grupo de 3 burros. É uma estrela anã alaranjada, com um aspecto semelhante ao nosso Sol, de Mag. 4.0 , a apenas 48 anos-luz de nós.
- ? (Iota), é por vezes conhecida como
Asellus Secundus, o " segundo burro " - sobre esta designação leia-se o texto referente à estrela Teta da constelação. É uma dupla física de Mag. ( global ) 4.7 , impossível de se observar separada nas suas componentes individuais através de instrumentos ópticos.
- ? (Capa), é por vezes conhecida como
Asellus Tertius, o " terceiro burro " - sobre esta designação leia-se o texto referente à estrela Teta da constelação. É uma dupla física de Mag. ( global ) 4.4 , muito bela de se observar com telescópios modestos.
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Asellus Tertius ( Capa Boötis ) |
- ? (Miú), tem o nome próprio
Alkalurops, que percorreu um longo caminho desde o termo original grego, através de traduções para o árabe e, finalmente, para uma versão latinizada da palavra árabe que pretende significar " a vara ( ou bastão ) do pastor ". Isto porque esta estrela assinala a vara ( ou lança ) que o pastor segura numa das mãos. É uma das estrelas múltiplas ( neste caso a proximidade entre as componentes deste sistema triplo é real, pelo que é uma múltipla física ) mais procuradas pelos astrónomos amadores, pela beleza desta observação. Apresentando uma Mag ( global ) de 4.3 , bastarão uns binóculos, em céus escuros, para distinguirmos a dupla principal deste sistema. Com um telescópio modesto, usando grandes ampliações, é possível observar as três componentes individuais, tal como na imagem:
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Alkalurops ( Miú Boötis ) |
- ? (Csi), é um sistema duplo de estrelas ligadas pela gravidade, de Mag. ( global ) 4.6 , facilmente separado nas componentes individuais com telescópios modestos. Destaca-se igualmente por ser um dos sistemas múltiplos mais próximos de nós, a apenas 22 anos-luz de distância.
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Csi Boötis |
- ? (Pi), é outra dupla física, de Mag. ( global ) 5.0 . As suas componentes podem ser observadas individualmente através de telescópios modestos.
- ? (Ró), é por vezes denominada
Hemelein Prima, expressão que deriva do árabe " Al Hamalain " que significa " os cordeiros ". Provavelmente faria parte de um asterismo reconhecido pelos Árabes no par de estrelas Ró + Sigma, que simbolizaria dois cordeiros. A versão latinizada resultou na denominação da estrela Ró como " Hemelein Prima " ( " o primeiro dos cordeiros" ) e da Sigma como " Hemelein Secunda " ( " o segundo dos cordeiros " ). Na realidade, apesar de as observarmos bastante próximas uma da outra, não estão relacionadas de forma alguma. A estrela Ró é uma gigante alaranjada de Mag. de 3.7 e está a 150 anos-luz de distância.
- ? (Sigma), é por vezes denominada
Hemelein Secunda - leia-se a explicação do nome da estrela Ró da constelação para mais detalhes. É uma anã esbranquiçada de Mag. 4.4 , a apenas 50 anos-luz de nós.
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