Astronomia

A Mecânica aristotélica - 3 - conclusão

"Em todas as coisas da Natureza existe algo de maravilhoso."

Aristóteles, mesmo com diversas concepções errôneas -- talvez apoiadas sobre uma opinião contrária ao processo de experimentação --, ainda assim contribuiu muito para nossa atual Ciência. Não somente oferecendo explicações (ainda que certas vezes erradas), mas o fazendo de maneira tão graciosa que ninguém foi capaz de vencê-lo com contra-argumentações por ao menos um milênio. Foram graças à seus conceitos que muitos pensadores se voltaram para as indagações da natureza, e são essas indagações que nos induzem às grandes descobertas.

Forças

No conceito aristotélico qualquer movimento (seja natural ou forçado) exigia uma força ativa. O movimento natural dos corpos da Terra eram resultantes das características do Peso ou da Leveza, enquanto o movimento circular natural dos corpos celestes era explicado com um divino movedor.

Um dos grandes problemas enfrentados pela mecânica de Aristóteles foi explicar o movimento forçado dos corpos através do ar. Eram muito bem compreendidas as relações entre força e movimento forçado no que diz respeito à empurrar, puxar, levantar, etc. Pois a partir que se parasse de puxar (ou empurrar, ou levantar, etc.), teria fim a força motivadora e o movimento era interrompido, mas em um arremesso, por exemplo, o objeto, mesmo sem ser empurrado pela mão, continuava em seu movimento pelo ar. A explicação de Aristóteles, não tão brilhante, foi a de que a mão transmitia sucessivas camadas de ar ao objeto, impelindo-o com o ar.

Resistência

Desta forma, o meio em que o objeto viajava transmitia força ao movimento, mas, conjuntamente, também oferecia resistência (aqui vemos uma clara referência ao que hoje chamamos de "resistência do ar").

Para que o movimento ocorresse, a força deveria vencer a resistência e o chamado "movimento uniforme" um equilíbrio entre a força e a resistência.

Assim, a velocidade de um corpo era diretamente proporcional à força e inversamente proporcional à resistência (quanto maior a resistência, menor a velocidade).

Nesta argumentação Aristóteles acreditou ter comprovado a impossibilidade da existência de vácuo, pois uma vez que não houvesse resistência, a velocidade, inversamente proporcional, seria infinita! Como isso era absurdo, todo o espaço deveria estar inserido em algum tipo de meio. Então surgiu o conceito de éter, que incomodou o pensamento científico até o século XX.

Peso

Para Aristóteles, dois corpos com pesos diferentes e expostos à mesma resistência, se soltos do alto, teriam diferentes velocidades e o mais pesado chegaria ao solo primeiro. Pois, segundo Aristóteles, a força (peso) dele seria superior à do objeto mais leve.

Era portanto uma conclusão postulada de Aristóteles que, "quanto mais pesado, mais depressa cairá."

Esta ideia precipitada importunou a ciência por muito tempo e até hoje é afirmada convictamente por muitos, apesar de não ser verdadeira.

A força gravitacional "atrai" os objetos da mesma forma, o único fator que altera a velocidade dos mesmos é a resistência.

Entretanto, a mecânica aristotélica, tão grandemente respeitada e admirada, em virtude da verdadeiramente inegável inteligência de Aristóteles, não foi, por muito tempo, considerada possivelmente errada. Isso nos acarretou atraso em nosso desenvolvimento intelectual, é verdade, mas quando fomos capazes de corrigir as incoerências, terminamos com uma bela bagagem de sabedoria.

Fonte: "Gravidade, Buracos Negros e o Universo", Iain Nicholson

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