Cygnus ( Cisne )
Astronomia

Cygnus ( Cisne )





Dados da constelação:
Abreviatura oficial:  Cyg
Genitivo usado para formar o nome das estrelas:  Cygni
Possível de se observar na totalidade entre as latitudes:  90°N ? 28°S 
Possível de se observar parcialmente entre as latitudes:  28
°S ? 62°S
Culminação à meia-noite - data em que passa mais tempo visível à noite:  30 Jul


Cygnus é uma constelação muito fácil de se localizar no céu, por ser constituída por estrelas brilhantes, facilmente identificável com o formato de uma ave em vôo e pela proximidade da constelação da Lira, onde encontramos uma das estrelas mais brilhantes do céu, Vega.

 
Existem várias lendas gregas associadas ao Cisne, algumas com as mesmas personagens embora com interacções distintas:
Numa delas, o Cisne representa uma das formas assumidas por Zeus para visitar as suas amantes terrenas e ilustra o episódio romântico entre o deus e Leda, esposa do rei de Esparta, Tíndaro. Desta relação nasceriam, de um ovo, Castor e Pólux, os gémeos da constelação Gemini. Uma variante deste mito relata que teriam sido igualmente geradas, da mesma relação, Helena de Tróia e Clitemnestra.

Ainda noutra versão ( entre outras mais ), Zeus teria consumado o acto com a deusa Némesis e o ovo resultante sido entregue a Leda.



Objectos celestes mais notáveis:



- M 29 - um enxame estelar aberto de Mag. 6.6 , visível com binóculos, mas muito mais interessante com telescópios.











- M 39 - um enxame estelar aberto de Mag. 4.6 , visível a olho nu em céus escuros e uma observação muito bela para quem usa binóculos.











- NGC 6819 - um enxame estelar aberto de Mag. 7.3 , observável com telescópios modestos.












 
- NGC 6826 - uma nebulosa planetária de Mag. 8.8 , também conhecida como Nebulosa Piscadela de Olho. Telescópios modestos poderão exigir que a observação seja feita com recurso à visão lateral, evitando-se olhar directamente para o objecto.









- NGC 6888 - uma nebulosa de emissão de Mag. 10.0 , também conhecida como Nebulosa Crescente, visível apenas com telescópios de abertura média ou superior. Um dos filamentos exteriores é mais óbvio, apresentando o formato de uma Lua crescente, razão que explica a sua denominação popular. De muito mais fácil observação se for usado um filtro O III ( O 3 - para o oxigénio duplamente ionizado ).



- NGC 6946 - uma galáxia de Mag. 9.1 , de difícil observação com telescópios modestos. Também é conhecida como Galáxia Fogo-de-Artifício, pela frequência com que apresenta explosões de supernovas.








- NGC 6960 + NGC 6992 + NGC 6995 - também conhecida como Nebulosa do Véu, é constituída por restos de uma supernova. A área é tão extensa entre as várias componentes, que estas tiveram de ser catalogadas separadamente. A fracção mais facilmente observável é o NGC 6960, com uma Mag. aparente de 9.0 , embora não seja um objecto recomendado para telescópios modestos - aconselham-se céus escuros.
No mapa publicado mais abaixo, este objecto celeste está identificado apenas com a designação NGC 6960.





Na imagem ao lado vemos duas nebulosas que podem ser observadas em simultâneo:
- NGC 7000 - do lado esquerdo, uma nebulosa também conhecida como Nebulosa América do Norte, devido às semelhanças com o formato do país. Apresenta uma Mag. ( média ) de 5.0 , mas é difícil de se observar em céus com poluição luminosa. Um filtro para observações do céu profundo ( ou vermelho ), ou O III ( O 3 - para o oxigénio duplamente ionizado ), facilita a sua definição.
- IC 5067/68/70 - do lado direito, de menores dimensões, vemos uma nebulosa conhecida como Nebulosa Pelicano. De Mag. ( média ) 8.5 , este é um objecto difícil de se reconhecer na observação directa. Apesar disso, céus escuros ( factor primordial ) e o uso de um filtro para observações do céu profundo ( ou vermelho ), ou O III, facilitam a sua definição e poderão torná-la acessível a telescópios modestos.


- IC 5146 - um enxame estelar aberto com uma nebulosa associada. O enxame apresenta uma Mag. de 7.2 , sendo observável com telescópios modestos. No entanto, o objecto mais popular desta área do céu é a nebulosa, catalogada como Sh2-125 e conhecida como Nebulosa Casulo ( " Cocoon Nebula " ) - apresenta uma Mag. de 9.3 e a sua observação exigirá telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm e céus escuros.
Deve-se evitar o uso de filtros pois, curiosamente, a nebulosa tende a definir-se melhor sem estes acessórios.
Ambos ( enxame + nebulosa ) são visíveis na imagem.




Localizem-se as estrelas e objectos celestes da constelação no mapa:


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Mapa com fundo branco

Se está a fazer observações do céu enquanto consulta esta página, desaconselha-se a visualização do mapa abaixo ( não clique na imagem ); a exposição a uma imagem tão clara fá-lo-á perder temporariamente a adaptação dos olhos à obscuridade, reduzindo a capacidade de distinguir pormenores mais finos. Esta adaptação, com o intuito de obter a melhor visão nocturna possível, é essencial nas observações astronómicas e demora cerca de 20-30 minutos a alcançar. A exposição à luz ( ou a um fundo branco ) reverte o processo de forma imediata, obrigando-o a esperar algum tempo para que os seus olhos se adaptem novamente à obscuridade.

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- A Alfa do Cisne forma com a Alfa da Águia e a Alfa da Lira um asterismo muito famoso, conhecido no hemisfério Norte como Triângulo de Verão ( " Summer Triangle " ).
- Devido ao seu formato característico, as estrelas mais brilhantes da constelação do Cisne desenham um asterismo muitas vezes denominado Cruz do Norte, em pararelismo com o Cruzeiro do Sul.



Estrelas mais notáveis:


- ? (Alfa), tem o nome próprio Deneb, do árabe significando " cauda ", pois assinala a cauda do cisne.
É uma estrela supergigante branco-azulada de Magnitude 1.2 .
Albireu ( Beta Cygni )
- ? (Beta), tem o nome próprio Albireu. Esta designação não possui qualquer significado, pois resulta da corrupção de um erro de tradução do termo árabe original, " al-Minhar al-Dajajah ", para o latim. A expressão árabe significava " o bico da galinha ", mas foi traduzida como se se referisse à designação de uma erva, pelo que foi atribuído à estrela o nome próprio " ab ireo " ( de uma denominação em latim de uma planta - " Ireo " ). Assumindo-se que esta expressão era uma corrupção do árabe, corrigiu-se ( aprofundando o erro ) para " al-bireo ", termo que não possui qualquer significado. Devido a questões gramaticais, é mais comum o uso em português europeu da versão " Albireu ".
É uma das duplas ( neste caso, de natureza óptica - a proximidade das duas estrelas não é real, mas fruto da perspectiva ) mais famosas, devido ao maravilhoso contraste de cores ( aconselham-se céus escuros ) entre as duas componentes. Apresenta uma Mag. ( global ) de 3.0 e está a cerca de 390 anos-luz de distância.
Note-se que, apesar de ser classificada como Beta, não é a segunda estrela mais brilhante da constelação, sendo ultrapassada em brilho por várias outras.
- ? (Gama), tem o nome próprio Sadr, do árabe significando " o peito " ( da galinha, ave que os Árabes antigos visualizavam nesta constelação ), pois marca o peito do Cisne. É uma supergigante amarelada de Mag. 2.2 . 
- ? (Delta), é uma tripla física ( a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ), de Mag. ( global ) 2.9 . Com telescópios de abertura igual ou superior a 150 mm é possível observar as duas componentes principais deste sistema individualmente.
- ? (Épsilon), tem o nome próprio Gienah, termo árabe para " asa ". Partilhando o mesmo nome com uma das estrelas da constelação do Corvo, costuma-se usar a designação Gienah Cygni de forma a evitar confusões. Assinala a ponta de uma das asas do Cisne, apresenta uma Mag. ( global ) de 2.5 e encontra-se a cerca de 76 anos-luz de nós. Consiste, não numa estrela apenas, mas num par, cujas componentes se encontram demasiado próximas uma da outra para que possam ser observadas individualmente com instrumentos ópticos.
- ? (Zeta), é uma dupla física de Mag. ( global ) 3.2 , cujas componentes se encontram demasiado próximas uma da outra para que possam ser observadas individualmente com instrumentos ópticos.
- ? (Eta), é um sistema múltiplo ( de natureza física - a proximidade entre as estrelas que a constituem é real ) de Mag. ( global ) 3.8 . As componentes encontram-se demasiado próximas umas das outras para que possam ser observadas individualmente com instrumentos ópticos.
- ? (Teta), é um sistema triplo de natureza física, cujas componentes se encontram demasiado próximas umas das outras para que possam ser observadas individualmente através de instrumentos ópticos, de Mag. ( global ) 4.5 , a apenas 60 anos-luz de nós.
Ómicron Cygni
- ? (Ómicron), é uma tripla óptica muito famosa entre os astrónomos amadores, devido à beleza da sua observação, acessível até para quem usa apenas binóculos. As duas componentes principais são visíveis individualmente a olho nu, bastante separadas uma da outra, apresentando Mag. de 3.8 ( Ómicron 1 ) e 3.9 ( Ómicron 2 ). A estrela Ómicron 1 é, em si própria, uma dupla óptica possível de ser apercebida apenas com binóculos, formando um par com a 30 Cygni. Apesar de nenhuma das estrelas que compõem esta famosa tripla estar relacionada fisicamente com qualquer outra, esta é uma observação maravilhosa de se fazer com telescópios.
 - ? (Qui), é uma estrela variável do tipo Mira ( protótipo desta classe de estrelas ), com uma alteração periódica de brilho espectacular, entre Mag. 3.5 ( visível a olho nu ) e Mag. 14 ( visível apenas com telescópios potentes ) ao longo de ciclos de cerca de 400 dias.
61 Cygni
- 61 Cygni, é uma dupla física famosa: foi com esta estrela que se calculou, pela primeira vez, a distância de uma estrela à Terra, por Friedrich Bessel, em 1838, usando o método da paralaxe estelar anual.
Neste método, define-se com exactidão a localização de uma estrela numa certa data do ano. Faz-se o mesmo precisamente na altura em que a Terra se encontra na posição oposta da sua órbita em volta do Sol. Deste modo, verifica-se que a posição da estrela mudou, muito ligeiramente. Usando cálculos trigonométricos, consegue-se então medir a distância a que a estrela se encontra da Terra.
A 61 Cygni consiste num sistema duplo, cujas componentes podem ser observadas individualmente com telescópios modestos, de Mag. ( global ) 4.8 , a apenas 11.4 anos-luz de distância.
 - Cygnus X-1, é um dos motivos mais curiosos e apelativos para quem faz observações do céu nocturno com telescópios. Mesmo que o seu fraco brilho ( Mag. 8.9 ) a torne visível somente com telescópios ( incluindo os mais modestos ), mesmo que pareça uma estrela vulgaríssima até quando observada através de instrumentos profissionais, mesmo que a distância a que se encontra não tenha sido ainda possível de medir, existindo apenas a noção de que se localiza muitíssimo longe de nós, torna-se irresistível apontar qualquer telescópio a esta estrela. A Cygnus X-1 não é uma estrela apenas, mas um sistema duplo cujas componentes se encontram ligadas e interagindo uma com a outra através da gravidade. Mas este é um sistema peculiar, pois uma das componentes é um verdadeiro buraco negro, de dimensões estelares, consumindo matéria da sua companheira. É esta actividade que origina a sua designação " Cygnus X-1 ", pois é uma das mais intensas fontes de raios-X de todo o céu, e a primeira a ser descoberta na constelação do Cisne. Esta é uma das observações mais invulgares, porque a sua carga apelativa deve-se, precisamente, a algo que não podemos observar. Está assinalada no mapa, ao lado da estrela ? (Eta), textualmente ( " X-1 " ) e com um ponto vermelho, por não ser visível a olho nu.




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